A palhaçaria no HEGV é levada a sério

Quando os palhaços começam a caminhar pelos corredores do Hospital Estadual Getúlio Vargas, as pessoas param o que estão fazendo, mesmo que seja por um instante, e o sorriso surge espontaneamente no rosto de cada uma. É que nem o circo chegando à cidade do interior, todo mundo quer olhar. Médicos, enfermeiros, técnicos, profissionais da limpeza, visitantes… ninguém fica indiferente. Afinal, a aparição dos personagens – cena tão improvável em um ambiente hospitalar – quebra a rotina de sofrimento e resgata a alegria dos pacientes hospitalizados.

De nariz vermelho e com roupas coloridas, “Os Cheios de Graça” transformaram a rotina do HEGV na manhã do dia 15 de julho. Criado há menos de um ano, o grupo faz uso das linguagens do palhaço em ações que procuram amenizar a tensão existente no ambiente hospitalar. Com música, bate-papo e improviso, a iniciativa, da Assessoria Técnica de Humanização da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (ATH-SES/RJ), e que tem o apoio do IPCEP e da direção do Complexo Estadual de Saúde da Penha, contagia pacientes, acompanhantes e funcionários e ajuda a oferecer algum conforto para as pessoas que passam por momentos difíceis e estão com a saúde debilitada.

O trabalho da trupe é totalmente voluntário e acontece sempre aos sábados. Antes, os integrantes passam por um curso introdutório, onde compartilham a história da gênese da criação da palhaçaria e abordam a trajetória do riso na humanidade e do arquétipo do palhaço, através do WhatsApp, e, ao final, participam de um workshop presencial, onde são realizadas dinâmicas de linguagem corporal e práticas de palhaçaria hospitalar. A qualificação é gratuita.

Segundo a coordenadora do projeto, muito mais do que levar alegria e arrancar gargalhadas, os palhaços voluntários têm um papel fundamental para o paciente e o tratamento. “A quebra da rotina ameniza a passagem do paciente pelo hospital. As enfermarias se transformam, as preocupações e as dores emocionais são temporariamente esquecidas e dão lugar à alegria. O sorriso gera sensações agradáveis nos pacientes e contribui para amenizar situações adversas geradas pelo adoecimento”, afirma Kelli Bahia.

A diretora pedagógica, que atua como palhaça há 6 anos, conta que, ao vestir a personagem, tem como missão levar amor ao próximo. “A gente dá muito pouco daquilo que a gente recebe. Essa é a minha forma de transmitir aos pacientes, familiares e profissionais de saúde a mensagem de que eles não estão sozinhos. Meu foco é distribuir afeto e ter empatia com quem tanto necessita”.

A arte da palhaçaria é uma atividade ancestral utilizada desde a antiguidade como forma de expressão. Ao longo dos anos esta prática foi se aprimorando e se inserindo em diferentes contextos, estando atualmente bastante difundida na área da saúde, especialmente no ambiente hospitalar. Sabe-se que a presença do lúdico propicia momentos de descontração, constituindo-se em um fator importante de promoção de bem-estar na vida dos hospitalizados.

As intervenções artísticas nos ambientes de saúde são baseadas no encontro e ocorrem leito a leito. Cada troca entre palhaço e paciente é um novo vigor artístico, uma surpresa improvisada, cujo objetivo é gerar alegria e potencializar a melhora do quadro de saúde.

Para conhecer o trabalho do grupo e receber informações sobre o curso de iniciação em palhaço de hospital, basta acessar o perfil @trupeoscheiosdegraca no Instagram.

 

Fontes: Trupe Os Cheios de Graça, Escola de Palhaços – Universidade de São Paulo, Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, Assessoria Técnica de Humanização da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (ATH-SES/RJ) e Assessoria de Comunicação do Complexo Estadual de Saúde da Penha. Foto: IPCEP.